AÇÕES

quarta-feira, 3 de março de 2010

VIVER MAIS E BEM

Passar dos 60 anos com boa saúde é mais fácil do que se imagina. Saiba o que é preciso fazer para ter uma velhice tranquila e conheça histórias de idosos que estão com tudo em cima A humanidade está envelhecendo. Dentro de 35 anos a previsão é de que, pela primeira vez na história, haja mais pessoas acima dos 60 anos do que crianças no mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Antes disso, em 2025, o Brasil será o sexto país com maior número de idosos, indica a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas a imagem de senhores de
pijama sentados em cadeiras de balanço em pleno dia ficou no passado. Segundo os últimos dados do IBGE (de 2008), 21 milhões de brasileiros têm mais de 60 anos e 6,9% deles ainda estão no mercado de trabalho. E, graças aos avanços da medicina, as pessoas estão vivendo mais. Em 2000, a população do País vivia, em média, 68,3 anos. Em 2008, esse índice passou para 72,7. Para 2050, a expectativa média de vida é de 81,29. Para fazer parte destas estatísticas e chegar a uma idade avançada com saúde não é preciso grandes esforços.
“Atualmente, vivemos um paradoxo muito diferente do que no passado: crianças e jovens estão mais sedentários e os idosos cada vez mais ativos. Além da carga genética, envelhecer bem depende muito do estilo de vida e do ambiente. Os idosos com maior autonomia e independência são aqueles que cultivaram bons hábitos de saúde”, explica Wilson Jacob Filho, diretor do serviço de geriatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
“Para evitar doenças crônicas, que são as mais comuns no envelhecimento, há quatro comportamentos de risco que precisam ser evitados: tabagismo, sedentarismo, má alimentação e excesso de bebida alcoólica. Se eles forem controlados ao longo da vida, há grandes chances de a pessoa envelhecer melhor. Mas não adianta apenas pedir à população para se preocupar com a saúde se ela vive numa cidade com trânsito louco e péssimo transporte público, entre outros determinantes sociais de saúde. É preciso pensar em onde e como vivem as pessoas, assim como em políticas de prevenção e controle das doenças que já se manifestaram”, afirma Alexandre Kalache, pesquisador-sênior da Academia de Medicina de Nova York, nos Estados Unidos, e consultor internacional para políticas para o envelhecimento.
E nunca é tarde para começar a se cuidar. Uma pesquisa da universidade de Uppsala, na Suécia, divulgada no ano passado, descobriu, após acompanhar 2.205 homens durante 4 décadas, que retomar a atividade física regular após os 50 anos pode ser tão benéfico para a saúde masculina quanto parar de fumar. Entre quem fazia bastante exercício, a mortalidade era 32% menor do que entre os que praticavam pouca atividade física.

No Rio de Janeiro, cidade com maior concentração de idosos do País (14,9% do total), Affonso de Freitas, de 78 anos, começou a praticar surfe aos 40 anos. Ele ainda incentivou a mulher, Júlia Freitas, de 55 anos, e dois dos três filhos a surfarem com ele. O mais novo, Marcelo, de 32 anos, inclusive, já foi campeão brasileiro de bodyboarding “Os esportes são fortes aliados para proporcionar boa qualidade de vida. Mas o surfe tem mais vantagens que a maioria pela integração com a natureza, que também permite relaxamento e tranquilidade”, garante Freitas, que administra uma empresa de material esportivo. “Só vou ao médico para exames de rotina”, completa ele, que ainda faz trilhas com a mulher.
Pensando em um futuro saudável, o maratonista José Gonçalves dos Santos, de 59 anos, corre diariamente 15 quilômetros e todos os anos participa de provas de longa distância, como as maratonas do Rio de Janeiro e de São Paulo. “Corro há 6 anos e, por isso, tenho boa saúde. Minha médica me aconselha a nunca parar de correr, pois a qualidade da minha vida depende da atividade física que pratico”, orgulha-se.faz a diferença é o grau de independência e autonomia que possuem para desempenhar tarefas do dia a dia. Por isso, o envelhecimento, que começa a se manifestar entre os 35 e 40 anos, precisa ser entendido como um processo que começa já nas primeiras décadas de vida. A partir dos 25 anos começa a haver certo declínio, mais acentuado para fumantes, sedentários e os que possuem alimentação desregrada.
É importante planejar como será a velhice em termos de saúde física, mental, social e de segurança financeira, incluindo um projeto de vida para depois da aposentadoria”, analisa Andrea Prates, geriatra e coordenadora executiva do Centro Internacional de Informação para o Envelhecimento Saudável (CIIES).
Nadir Chagas de Souza, de 75 anos, é exemplo disso. Todos os dias ela acorda às 5h da manhã e dorme às 20h, e diz não saber o que é ter dor. Para ela, trabalho e boa alimentação têm lhe permitido não sofrer de doenças – os raros resfriados ela trata com chás caseiros, assim como aprendeu com a mãe. “Trabalhar e ser útil a quem necessita, como cuidar de doentes, me faz ter saúde. Varro o quintal, cuido da casa e da pequena criação de galinhas. Também bebo muita água, pelo menos 2 litros por dia, e como muito bem”, conta.
Além de muito líquido, o idoso precisa ter uma dieta nutricional rica, principalmente em proteínas e vitamina C para não ter desnutrição, diz a nutricionista Maria da Penha Vido, dos hospitais Miguel Couto e Geral de Bonsucesso, no Rio de Janeiro. “A alimentação do idoso deve ocorrer no máximo de 3 em 3 horas, diversificando legumes e verduras.
A água é de suma importância nos intervalos”, explica.
No Brasil, as mulheres são maioria entre os idosos. Segundo o IBGE, elas são quase 12 milhões – 56% do total de pessoas acima dos 60 anos. Em média, elas vivem de 7 a 8 anos a mais do que os homens. Por outro lado, as mulheres têm chances maiores de apresentar doenças crônicas típicas da última fase da vida, tais como: artrite, diabete e enfermidades do coração. “É importante realizar atividades que estimulem o cérebro, como leitura e cursos com o objetivo de adquirir novas capacidades (artesanato, informática, dança), além de ter um controle rigoroso sobre essas doenças”, aconselha o neurologista Luiz Felipe
Rocha Vasconcellos.
Lourdes Arnaut, de 91 anos, foi mais longe e, além de cuidar da saúde, se preocupou com a beleza. Tanto que, desde os 80 anos, trabalha como modelo, participando de desfiles e posando para calendários. Em 2005, ficou conhecida por ser a brasileira mais velha a requisitar o registro profissional, segundo o Ministério do Trabalho, além de ser, provavelmente, a modelo com mais idade ainda em atividade no mundo. “Gosto muito de ser modelo, o que eleva o astral da pessoa. Fico muito feliz em ser aplaudida”, garante Lourdes, que foi estilista no Rio de Janeiro e secretária executiva de uma associação de assistência a adolescentes. A razão para tanta disposição com quase 100 anos ela atribui ao fato de, quando jovem, ter praticado vários esportes, como vôlei, remo e arco e flecha.

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